top of page

Saúde: Câncer de pênis: prevenção, diagnóstico e tratamento!

  • Writer: Assessoria de Comunicação
    Assessoria de Comunicação
  • Apr 28
  • 5 min read


Entrevista com o Dr. Celso Marzano, urologista, terapeuta sexual, professor e escritor


“O câncer de pênis é uma doença, uma condição médica bastante séria, que deve ser tratada o mais breve possível, porque quanto mais rápido o diagnóstico melhor será o tratamento e melhores serão os resultados”, explica Dr. Celso Marzano, urologista, terapeuta sexual, professor e escritor.


Ele diz que os sinais de alerta são as manchas, feridas ou úlceras no pênis, na pele, na região genital, que não cicatrizam por mais de 4 semanas, as mudanças da cor (aparecem áreas avermelhadas, esbranquiçadas ou mais escurecidas), o espessamento da pele (ela fica mais grossa em algumas áreas do pênis), uma secreção com cheiro forte e desagradável, nódulos ou inchaço perto da cabeça do pênis ou do prepúcio (que podem ser percebidos apalpando estas regiões), entre outras alterações, inclusive no formato do pênis.


Nestes casos, é preciso procurar atendimento médico imediatamente!


Dr. Celso Marzano diz que os sintomas mais avançados do câncer são o sangramento ou dor ao urinar, sangramento no nódulo e verrugas na região (semelhantes ao condiloma acuminado, também conhecido como crista de galo). Muitas vezes, o paciente tem gânglios (caroços) avermelhados e/ou dolorosos na virilha. E quando o câncer é perto da “cabeça” do pênis (a glande), terá dificuldade para retrair o prepúcio (a pele que cobre a “cabeça” do pênis), como se fosse uma fimose, e consequentemente terá dor na relação sexual.


A Massa - Quais os fatores de risco?


Celso Marzano - O principal é a higiene inadequada. Por exemplo: quem está com dificuldade para retrair o prepúcio e expor a cabeça do pênis, acaba fazendo uma higiene precária. O resultado é o acúmulo de esmegma, uma secreção esbranquiçada, com cheiro forte, que é tido como precursor do câncer.

Outro fator importante: de 30 a 50% dos casos de câncer de pênis estão associados à infecção pelo papilomavírus humano (HPV), o condiloma acuminado, também conhecido como crista de galo, principalmente pelos subtipos 16 e 18 do HPV, considerados de alto risco oncogênico, ou seja, que podem provocar o câncer. As verrugas genitais, enfim, aumentam este risco.

Neste sentido, também são fatores de risco ter uma vida sexual precoce e múltiplos parceiros sem uso de preservativos, sem os cuidados necessários para não se contaminar com alguma doença sexualmente transmissível (DST), como neste caso o HPV.

Importante destacar que a doença é mundial, não é específica de algum grupo ou região, mas ocorre principalmente em pessoas com condições socioeconômicas mais baixas e menor acesso aos serviços de saúde e ao diagnóstico precoce.

O fumante corre um risco um pouco maior que o não fumante. Também correm mais riscos as pessoas com sistema imunológico baixo, as com HIV (vírus da AIDS), as que fizeram transplantes, as com doenças autoimunes.

Há trabalhos dizendo que os que não fizeram a circuncisão (cirurgia que remove o prepúcio, a pele que cobre a glande do pênis) tem maior risco, por conta da fimose que persiste, das inflamações e infecções recorrentes, mas isso é discutível.


A Massa - Quais as principais medidas preventivas?


Celso Marzano - A mais importante é manter uma boa higiene íntima. Lavar o pênis, expor a glande, lavar toda a região e usar, de preferência, sabonete líquido, que não muda o ph da região. Em muitos casos, e não importa a idade, temos que fazer a cirurgia de fimose, porque ela vai machucando o pênis e pode estar associada ao câncer. Para os mais jovens indicamos a vacinação contra a HPV. Hoje se vacina meninos e meninas de 9 a 14 anos pela rede pública, mas o adulto também pode tomar esta vacina, que possui uma eficiência muito boa. Na relação sexual em si, a medida preventiva importante é usar o preservativo, pois com ele você tem uma barreira contra os vírus e evita o câncer de pênis. Parar com o cigarro também ajuda. É essencial, principalmente depois dos 50 anos, fazer exames regulares com o urologista. Se apareceu alguma coisa no pênis, a ação imediata é procurar atendimento médico.



A Massa - Como é feito o diagnóstico?


Celso Marzano - O médico faz uma anamnese, um levantamento detalhado dos sintomas (há quanto tempo eles existem), do histórico do paciente (se já teve casos de câncer na família) e de alguns fatores de risco como fimose, HPV e higiene precária. Nos exames, o médico verifica toda a região do pênis, se tem lesões e se os gânglios inguinais têm nódulos ou estão aumentados ou inflamados.

Se houver lesão no pênis, tem que se fazer biopsia, que é importantíssima para confirmar de uma forma definitiva o diagnóstico. Tem biopsia, que pode ser feita por pequena cirurgia ou agulha, para tirar parte da lesão ou toda ela.

Depois da biopsia vem o exame da microscopia para confirmar o tipo do tumor, tem o exame anatopatológico que avalia o grau de invasão celular, se o tumor está no início, no meio ou muito adiantado. Você faz a avaliação dos gânglios, ultrassom da região inguinal e também biopsia dos gânglios. E muitas vezes na cirurgia, além da retirada parcial ou total do pênis, você retira todos os gânglios da região. Uma tomografia computadorizada, uma ressonância, um pet scan também são bastante importantes.

Os exames adicionais, entre eles o teste do HPV, avaliam a condição clínica do paciente para você fazer previamente a cirurgia. Pois existem muitos estágios: desde o carcinoma in situ (não invasivo) até o estágio 4, quando já há metástase (células cancerígenas espalhadas para outras partes do corpo).

É importante fazer também um diagnóstico diferencial. Tive um paciente que veio com diagnóstico de câncer, eu disse que não era, confirmei que era crista de galo (condiloma), fizemos o tratamento e foi resolvida a situação.


A Massa - Os tratamentos são vários e dependem do grau da doença?


Celso Marzano - Para as lesões pré-malignas (carcinoma in situ), podemos usar alguns cremes à base de corticoide, para melhorar a situação local, e há tratamento a laser ou congelamento dessas células. Eu, particularmente, acho melhor fazer a biópsia para tirar a lesão o mais breve possível.

No segundo estágio, mais avançado, você vai fazer uma cirurgia, como se fosse de fimose, já retirando a lesão, fazendo a incisão total, ou seja, a retirada do tumor total, que pode ter centímetros ou meio centímetro. Eu já vi um tumor com mais de cinco centímetros. Neste caso, você tem que tirar toda a lesão, com margem de segurança, com a certeza de que ali não vai ter câncer. Aí, então, inclui a penectomia parcial ou total, dependendo do tamanho. Na penectomia, se possível, a gente tenta manter ao menos três centímetros do pênis para o paciente poder urinar adequadamente. Para tumores muito avançados, retiram-se os gânglios, muitas vezes da região inguinal, e nestes casos mais graves o tratamento é com quimioterapia e radioterapia. Tem várias modalidades de tratamento. Cada caso é um caso!


A Massa - O câncer de pênis ocorre com maior incidência em homens que têm 50 anos ou mais, mas pode atingir também os mais jovens?


Celso Marzano - Sim. Inclusive, no serviço público, eu cheguei a fazer cirurgias em três jovens. Com relação às cirurgias, elas são relativamente rápidas, porém agressivas e emocionalmente muito fortes para os pacientes e para os médicos também. Além disso, para a sexualidade, a parte funcional também é comprometida. Porque se após a cirurgia fica um pênis de 3 ou 4 centímetros já não tem como colocar prótese e fazer tratamento. A ereção fica totalmente comprometida e geralmente a vida sexual em termos de relação penetrativa também fica excluída.

O paciente muitas vezes para de ter outras práticas porque fica emocionalmente muito abatido. Mas a parte da cabeça, do prazer, do orgasmo e do desejo fica igual, pois isto está relacionado aos hormônios, não tem nada a ver com o câncer de pênis. A quimioterapia e/ou a radioterapia podem atrapalhar um pouco, mas de forma indireta.


Por Assessoria de Imprensa do Sindicato dos Padeiros de São Paulo

 
 
 

Comments


bottom of page