Nota de pesar ao brasileiro Regis Barcelos Fernandes, morto em máquina trituradora na Argentina

É com um misto de tristeza, indignação e revolta que recebemos a notícia da morte, no dia 29 de abril de 2025, do brasileiro Regis Barcelos Fernandes, de 55 anos, em uma máquina do setor de moagem da Cerâmica Alberdi, em Cerrillos, no Parque Industrial de Salta, no norte da Argentina. Uma tragédia ocorrida exatamente após o 28 de Abril - Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho.

Saudamos e apoiamos os operários que paralisaram a fábrica, pois, mesmo após o acidente no setor de moagem da companhia, que conta com 220 trabalhadores, entre os quais seis presenciaram a cena na máquina trituradora, os responsáveis pela empresa não queriam parar a produção e ameaçaram descontar o salário de quem não voltasse ao trabalho. É preciso lembrar que o corpo do brasileiro ainda estava preso dentro da máquina trituradora e os trabalhadores estavam em estado de choque.

Lamentavelmente o capital age desta maneira mundo afora, inclusive no Brasil. A ganância, que o mercado apoia e valoriza, coloca a saúde física e mental, a segurança e a vida dos trabalhadores(as) em risco todos os dias. Na realidade esta lógica absurda arranca, rouba o ser humano de sua vida. Até quando vamos aguentar este grau de brutalidade? Quem somos nós, seres humanos na terra, em meio à ganância, muitos moídos por um sistema que atropela?

É preciso romper estas relações de crueldade nos locais de produção. Precisamos garantir dignidade à classe trabalhadora aqui no Brasil ou em qualquer lugar do mundo. O ser humano não pode continuar trabalhando em locais inseguros, insalubres, com materiais e peças irregulares para atender um sistema, uma linha de produção que exige pressa e descarta o respeito e a dignidade.

Assim como os operários e sindicatos argentinos, nós também estamos de luto e expressamos nossos sentimentos aos familiares e amigos do companheiro Regis.

Que o capital na voz dos empresários repense o valor da vida humana e seus modos de produção. E os dirigentes sindicais no Brasil de uma forma geral não vejam o caso como apenas mais um acidente, mas como um fato muito grave, que entendam o significado nas NRs (normas regulamentadoras), que atuem de forma efetiva pela saúde e segurança da classe trabalhadora e invistam em ações e campanhas de combate aos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Nós, do Sindicato dos Padeiros de São Paulo, fazemos isso há muito tempo e temos conseguido importantes avanços e melhorias nos ambientes de trabalho de nossa categoria!

Chiquinho Pereira

Presidente do Sindicato dos Padeiros de São Paulo e da Febrapan (Federação Brasileira dos Trabalhadores nas Indústrias de Panificação, Confeitaria e Padarias) e Secretário Nacional de Organização, Formação e Políticas Sindicais da UGT